Dia mundial do doente

on 17:23

Não são os sãos que precisam de médico 
No espaço de um ano, que medeia entre uma ida ao médico de família, o despiste da doença, um carcinoma no intestino, a cirurgia seguida de tratamento de quimia e de rádio terapia, experimentei de modo singularmente sensível a ternura do amor misericordioso de Deus que cuida paternalmente de seus filhos.

O sofrimento remete-nos efectivamente para o encontro de nós próprios dos outros, particularmente de quem de nós cuida e de Deus e transforma-se, num tempo de graça fazendo-nos sentir o abraço carinhoso de Deus e, então como o filho pródigo da parábola damos connosco a reconsiderar a própria vida, a reconhecer os nossos erros e fracassos, a perceber a banalidade das coisas temporais que nada são sem Ele, e que só Ele, de facto, nos sustém na existência. Sentimo-nos então a percorrer o caminho a passos largos rumo à Sua casa, e com a alegria e confiança de uma criança, saltamos para os seus braços fortes e protectores.

Sim, através dos médicos cirurgiões, enfermeiros e pessoal auxiliar, Ele nos toma em sua mãos, e como o Oleiro de Siracides (33,10) mete o bisturi, desfaz o vaso e segundo o seu juízo nos molda de novo, nos sopra o seu espírito e nos restitui a vida e progressivamente nos autonomiza.

Hoje, dia do doente, partilho convosco de modo simples e sumário a minha experiencia para encorajar todos os que sofrem, seja qual for a sua doença, e de modo particular as cooperadoras doentes, a não desanimarem, a encontrarem sempre na ancora segura da fé, alimentada pela escuta da Palavra de Deus, pela oração pessoal e pelos sacramentos, o sentido mais profundo do seu sofrimento, na certeza de que Deus jamais nos abandona.

Mas esta minha partilha é também um gesto de gratidão a todos quantos trabalham no mundo da saúde, médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, voluntários por terem sido para mim mediadores desta ternura de Deus, no modo como cuidaram de mim e de todos os que contemporaneamente fomos companheiros de enfermaria e de salas de tratamento, pela sua ciência, competência técnica e profissional, e particularmente a sua humanidade, expressa numa atitude cuidada, solícita, afectuosa, num sorriso aberto, numa palavra de ânimo, num gesto de paciente ajuda, tornando o seu trabalho profissional num excelente testemunho de Cristo, que através deles continua a debruçar-se sobre os sofrimentos materiais e espirituais dos homens para os curar e salvar.

Para todos vós o protesto da minha oração ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.





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