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Dia da Eucaristia – paradoxo do amor cristão...



A carta a Diogneto V e VI, um texto do final do século II d.C. fala-nos de modo eloquente sobre este tema: paradoxo significa: contradição, contraste, oposição dos cristãos no mundo, a dimensão pascal de Cristo morto e ressuscitado.

“Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pelo seu país nem pela sua língua, nem pelas suas roupas. Não habitam em cidades próprias, não falam uma língua extraordinária; não têm uma vida excêntrica. Seguem os costumes locais no vestir, na comida, e na maneira de viver, manifestando, no entanto, o seu estilo próprio de viver, sendo admirados de forma paradoxal, por todos. Participam de todos os assuntos como cidadãos, mas tudo suportam como estrangeiros. Toda a terra estranha é para eles uma pátria e toda a pátria como terra estrangeira. Moram na terra mas são cidadãos do Céu. Obedecem às leis estabelecidas e pela sua maneira de viver sobrepujam as leis. O que a alma é no corpo, os cristãos são-no no mundo. A alma está difundida em todos os membros do corpo tal como os cristãos estão todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo; assim, contudo não é formada do corpo; assim os cristãos habitam no mundo, ma não são do mundo. É tão grande a função com que Deus marcou os cristãos, que não lhes é permitido recusá-la”.

«A Diogneto» sugere-nos deste modo a função dos cristãos no mundo., em que nada lhes é estranho, pois tudo o que o cristão toca onde quer que se encontre tem uma dimensão sacerdotal. Nisto o cristão é alimentado pela eucaristia em que participa, vivendo a sua condição terrena com sabor e força divina!

Também o Vaticano II, na Gaudium et Spes (40 – 45) fazendo uma releitura da relação da Igreja com o mundo, diz que, como fruto da eucaristia, os cristãos vivem no mundo sem serem do mundo, Por isso os seus critéroios de comportamento são diferentes, embora inseridos no tempo em que os cristãos vivem, como peregrinos, numa imanente transcendência, de dupla pertença à cidade terena mas a caminho da cidade celeste. Este é o grande desafio da Igreja que hoje particularmente se reúne para celebrar a ceia Pascal de Jesus. Sentirmo-nos Igreja, presente no mundo peregrina a caminho da meta de olhos posto na fonte de onde procedemos – o Filho de Deus que se fez homem, para num supremo acto de louvor devolver ao Criador a Obra da criação redimida e purificada no seu sangue derramado na cruz

                                                                        Este é verdadeiramente o mysterium fidei  

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